A solução vem de todos

26-10-2010 22:21

Portal Pró-Menino

por Denise Bobadilha

Não existe fórmula mágica, nem receita perfeita para copiar. A erradicação do trabalho infantil envolve diferentes setores, modelos variados e fórmulas que se moldam para cada situação. Ao trocar ideias, os agentes nesses processos apresentam como as experiências aplicadas em seu local de origem podem ser adaptadas pelos outros. Ao longo das últimas sete semanas, a etapa virtual do III Encontro Internacional Contra o Trabalho Infantil apresentou abordagens de atores distintos no processos e estimulou o debate sobre a erradicação do TI.

Exemplos podem ser encontrados em praticamente todas as atividades do evento, disponíveis neste site. No chat sobre o trabalho de erradicação no TI na mina artesanal Santa Filomena, em Ayachuco, Peru, Julia Cuadros levantou a importância das medidas sócio-econômicas que beneficiem as famílias, como oportunidade de emprego e escolas, para acabar com o círculo vicioso do TI.  Da Colômbia, o texto de María Clara Melguizo levantou cinco fatores fundamentais para a criação de políticas públicas que visem o fim do TI. Mayteé Zachrisson, do Panamá, conversou em chat sobre a importância de um sistema educacional eficiente. Muitos participantes deram sua contribuição nos comentários dos trabalhos, e aqueles dedicados exclusivamente à erradicação do TI trouxeram práticas locais de sucesso. Até o final de outubro, você também pode comentar trabalhos e participar das atividades online.

A união de setores pelo fim do Trabalho Infantil

A erradicação do trabalho infantil só virá quando toda uma cadeia de atores atuar efetivamente em favor da criança e do adolescente. Na mesa redonda sobre iniciativas público-privadas e experiências inovadoras para a erradicação do trabalho infantil, realizada nesta quarta-feira, dia 20, durante a etapa virtual do III Encontro Internacional contra o Trabalho Infantil, o trabalho de dois desses atores foi destacado: a iniciativa privada e a atuação das organizações não-governamentais. A conversa envolveu o uruguaio Rodolfo Martinez, do Comitê Nacional para a Erradicação do Trabalho Infantil (CETI) em seu país, e o brasileiro Sérgio Mindlin, Diretor-Presidente da Fundação Telefônica Brasil.

Martinez usou como o exemplo a atuação de organizações na identificação do trabalho infantil na coleta e separação de lixo reciclável em seu país. As empresas, por sua vez, atuaram incentivando a população a contribuir para a separação do lixo e, assim, queimar uma etapa no processo produtivo. “O fato de a separação do lixo ocorrer dentro das casas, e não mais entre os catadores, impactou fortemente esse grupo”, disse. Os recicladores foram reunidos em cooperativas e tiveram seu trabalho formalizado, o que também ajudou a disseminar ideias sobre as consequências do trabalho infantil.

A experiência da Abrinq, ONG brasileira que desde 1990 concede selos a empresas que atuam em favor das crianças e adolescentes, foi o tema principal da explanação de Mindlin. O brasileiro exemplificou como a cadeia de atuações deve trabalhar em conjunto. “A ONG oferece assessoria às crianças e famílias, as empresas se envolvem para viabilizar os projetos e os governos fazem a coordenação”, listou. Mindlin alertou, porém, que apenas a colaboração financeira das empresas não é suficiente para levar o trabalho adiante: antes, é preciso comprometimento. “Nenhuma organização, seja ela do primeiro, segundo ou terceiro setor, pode garantir sozinha a erradicação do trabalho infantil. É preciso ter uma rede com ações complementares para garantir direitos da criança e do adolescente”.

 Fonte: Portal Pró-Menino 

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